terça-feira, 11 de maio de 2010

O Covil do Terror

          
Ele permanece imóvel. Ao seu redor a mais completa escuridão. O silêncio interrompido apenas pelas batidas de seu coração, e pelo som apavorante da criatura próxima a ele. Qualquer passo em falso poderá despertá-la.

A situação é critica. Ele tem que avançar, mas tem de ser com cuidado. Procura com as mãos as paredes do lugar.  Escuta um som. Algo se mexeu. Ele automaticamente congela. O medo toma conta de seu corpo. Sua respiração se interrompe para não denunciar que está ali.

“Agora falta pouco”, ele pensa. O suor escorre de seu rosto. Dá mais um passo. A esta distância já consegue perceber claramente um ronco animalesco a poucos metros de si. O que ele não daria para estar em outro lugar, poderia ser uma praia ensolarada ou quem sabe pescando. Mas o destino colocou-o ali. Se aquela fera acordar será o seu fim. Cada movimento deve ser meticuloso. Suave e lento, para não causar qualquer ruído desastroso.

Mais um passo. Ele tenta continuar, mas seus membros não querem obedecê-lo. Murmura de forma inaudível: “coragem, Adelar”. Como se fosse uma prece para dar-lhe forças de seguir adiante.

Agora tudo depende da sorte. Seus próximos movimentos terão de ser perfeitos. Ele respira fundo e começa a se curvar. Suas mãos viajam no escuro procurando algo em sua frente. Sua concentração é total. O pavor absoluto. Cada segundo parece uma eternidade.

Sua confiança aos poucos vai melhorando. Ele começa a ter esperanças de conseguir realizar o que antes lhe parecia uma proeza praticamente impossível.

Então algo acontece. Um barulho irrompe em meio ao silêncio, seguido de um clarão que cega os olhos daquele pobre arremedo de homem. Ele agora percebe que na sua frente está a criatura que tanto medo lhe causou. Gigantesca. Apavorante. A criatura tem os olhos cheios de ódio, parecendo que a qualquer instante irá saltar em cima dele.

Um som que mais parece um grunhido inumano e aterrador chega aos seus indefesos ouvidos, vociferando algo mais ou menos assim:

-         ISSO LÁ É HORA DE CHEGAR EM CASA, ADELAR? – SÃO QUASE DUAS DA MANHÃ! – ACHOU MESMO QUE IRIA SE ESGUEIRAR ATÉ A CAMA E QUE EU NÃO IA TE ESCUTAR, NÃO É? – MAS HOJE TU ME PAGA, SEU CAFAJESTE! VAGABUNDO! IMPRESTÁVEL...

(Pobre Adelar).

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