sábado, 12 de dezembro de 2009

Conceitos, preconceitos e chá

As pessoas costumam dizer que muitas coisas se curam com um bom chazinho quente. Infelizmente a humanidade ainda não encontrou um chá que cure o preconceito, qualquer preconceito, mesmo o preconceito que alguns têm por chá.


Outro dia entrei na comunidade SKOOB do Orkut, um lugar interessante, já que é uma comunidade em uma rede social utilizada para debater outra rede social que parece uma comunidade. Ali havia um tópico que gerou tanta polêmica que acabou sendo excluído.


No referido tópico os Orkutskoobianos (acho que se a palavra existisse seria escrita assim), citavam seus escritores preferidos. Lá pelas tantas uma jovem, que não me recordo o nome, escreveu que não gostava de autores nacionais, e essa afirmativa fez com que as postagens pegassem fogo.


Muitos foram aqueles que criticaram a menina. Principalmente porque ela não era muito boa em articular seus motivos, apenas dizia que não gostava e pronto. Era sua opinião final. Vivemos em um País democrático, onde as pessoas podem gostar ou não das coisas, entre elas, das coisas feitas aqui. Mas o bate boca já estava feito.


Daí eu fiquei pensando, por que não gostar de algo daqui? Quando alguém não gosta de brócolis, por exemplo, até dá para tentar entender (mesmo sabendo que um alimento pode ser preparado de inúmeras maneiras, e que alguma delas pode cair no gosto do sujeito desgostoso com aquele tipo de iguaria), mas com a diversidade de autores nacionais, que cobrem todas as áreas da literatura, como alguém poderia simplesmente não gostar do que é escrito aqui, sem que existisse algum motivo concreto para isso?


Então me lembrei da história do homem que não gostava de vinhos nacionais. Ele nem sequer provava os vinhos, tamanha era sua aversão por eles. Um dia este homem viajou para França, que é fabricante de muitos dos melhores vinhos do mundo. Ele foi a um restaurante de lá e chamou o garçom, pedindo-lhe o melhor vinho que eles pudessem ter para servi-lo. O garçom prontamente lhe disse que traria o melhor vinho nacional da adega. O homem levantou irado de sua cadeira, e gritando disse que ele não tomava nenhum tipo de vinho nacional, não importando onde estivesse, e mandou que o garçom fosse buscar um vinho importado.


Enfim, praticamente tudo no mundo se transforma. O próprio universo sofre alterações. O planeta em que vivemos vai se modificando a cada estação. Até nossos corpos vão mudando seus átomos e neurônios com o passar dos anos. As únicas coisas que muitas vezes não mudam, são os conceitos enraizados e transformados em preconceitos na mente das pessoas.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

BIG BOSS BAG – Um presente de Natal original

(Autor: Antonio Brás Constante)

Cansado de disputar a atenção do seu chefe com outros puxa-sacos mais experientes do que você na empresa? Você fica carente e deprimido toda vez que seu superior viaja, sentindo um vazio por entre os dedos? Pois agora isso não será mais problema, está chegando ao mercado o fantástico produto: “Big Boss Bag” (versão pocket), o puxa-saco de bolso, que não deforma, não solta pelos, e faz você se sentir como se estivesse grudadinho nos testículos de seu amado patrão.

Somente o BBB (Big Boss Bag) já vem com o cheirinho de poltronas executivas de escritório, perfumadas com talquinho, e em diversos modelos, tais como: Chefe motivador, com mensagens gravadas com uma voz parecida com a de um conhecido chefe de nação dizendo: “você é o cara” e “nunca antes na história desta empresa tivemos um funcionário tão dedicado”, entre outras frases. Para quem gosta de chefes sádicos, o Big Boss Bag pode vir equipado com espinhos de verdade, e aplicar choques elétricos, tudo isso para que usuários masoquistas possam sentir prazer com muito mais desconforto.

Dispomos também da versão presidenciável, Bill Clinton, para mocinha que sobe a saia para subir na carreira, mas que não pode estudar na Uniban. Esta versão foi desenvolvida na voz do próprio Bill, e a cada apertadinha diz coisas do tipo: “don’t stop Baby, Oh, God! Yes, Yes... Hummm, Good, very gooood”. Também temos a linha tupiniquim em formato de estrela.
Mas não é só isso, você ainda receberá inteiramente grátis o livro: “Mil e uma maneiras de dar uma puxadinha sem culpa”. Com este fabuloso livro, sua autoestima subirá e você deixará de se sentir como um mero capacho, para se transformar em um tapete persa aos olhos do seu querido chefinho.

Para os aduladores que se dizem religiosos e que gostam de se abraçar e dar uma rezadinha sempre que recebem um dinheirinho por fora, proveniente das maracutaias de seus amigos adeptos do DEM (Dinheiro Escondido nas Meias), nós dispomos da linha BBB em formato de santinho, e fabricada com a legítima madeira do pau oco.
O Big Boss Bag é super macio, proporcionando um apertar leve e suave, sem riscos do usuário desenvolver calos nas mãos, algo que geralmente acontece, por exemplo, com quem trabalha, e é por isso que bom puxa-saco sabe evitar o serviço, pois entende que mãos ásperas e calejadas são impróprias para quem almeja manipular algo tão glorioso quanto o saco de seu empregador, professor, ou superior hierárquico de qualquer área.

Adquira já o seu Big Boss Bag e mude a sua vida. Faço como o Fernando, o Maluf, ou José lá da loja de motosserras que não perderam tempo e galgaram carreiras fabulosas quando passaram a botar a mão na massa, digo, no saco. Leia o depoimento do Sr. Fagundes sobre este incrível produto: “bem, eu era uma pessoa insegura na hora de segurar e puxar o saco do meu patrão. Ficava até meio sem jeito. Mas, depois que comecei a utilizar o Big Boss Bag tudo isso mudou, me sinto um novo homem servil, deixei de ser um mero baba-ovo para me transformar na babá dos ovos de ouro de meu chefe, e tudo isso graças a este maravilho produto”. Não espere mais, peça seu Big Boss Bag ao Papai Noel, puxando seu presente direto do saco do bom velhinho.

Enfim, em uma época onde o volume nas cuecas define o tamanho do extrato bancário de alguns indivíduos que parasitam por aí, os bajuladores andam perdendo lugar (literalmente) para o dinheiro de propinas, e até mesmo a ideia de que o que vale mesmo é o que se tem por dentro, infelizmente acaba ganhando um novo significado. O Big Boss Bag chega não somente para ser a solução para uma necessidade ultrajante de alguns tipos de pessoas, mas também serve para mostrar que a vida, em muitos sentidos, acaba sendo um saco, um saco cheio de gatunos corruptos e safados.



SUGESTÃO DE PRESENTE DE NATAL E AMIGO SECRETO: presenteie quem você ama, gosta, acha legal, ou que você tenha simplesmente tirado no amigo secreto da empresa com meu singelo livro: “Hoje é seu aniversário – Prepare-se” e faça DUAS pessoas felizes: a pessoa que recebeu o livro e eu (é claro), que estarei divulgando minha obra e ainda ganhando um troquinho com seu gesto. Não sabe onde adquirir o livro? Nas livrarias SARAIVA espalhadas por todo Brasil, na livrarias Cameron dos Shoppings da grande Porto Alegre ou no site da Editora AGE.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fechei os olhos para ver o apagão

(Autor: Antonio Brás Constante)
Apagão é um assunto que geralmente nos deixa no escuro, sem saber o que está acontecendo, mas logo acaba sendo apagado de nossas lembranças. As explicações sobre os motivos ficam obscurecidas por inúmeras hipóteses mal fundamentadas, e sentimos uma falta de energia geral das autoridades para tratar ou mesmo apurar o assunto (eu mesmo precisei de um empurrãozinho da jovem leitora Letícia Castro de SP, para discorrer sobre este tema. Pensei até em escrever à noite, com as luzes apagadas, para entrar no clima e me inspirar).
No jogo de empura-empura atrás de culpados, muitos costumam pagar pra ver, mesmo que isso custe caro para quem recebe a conta. Ruim mesmo é quando percebemos que somos nós que pagamos, e mesmo assim não conseguimos ver coisa alguma.
O que chama atenção é quando comparamos situações, por exemplo, como no caso da enfermeira que intoxicou onze recém-nascidos aqui em Canoas. Algo monstruoso, direto, insano. O culpado aparentemente está ali. Seu ato atroz facilmente percebido como um ato atroz. No caso de um apagão geral, a quantidade de vítimas é incrivelmente maior, mas parece chocar menos. Os diversos fatos se perdem em um vagalhão de acontecimentos de maior e menor importância. Mas esteja certo de que algumas pessoas presumivelmente morreram (direta ou indiretamente) em decorrência da falta de energia. Outras se acidentaram, outras se tornaram alvos fáceis para meliantes, etc.
O pior é que as causas do apagão são frutos de um efeito dominó de descaso, sobre as necessidades energéticas de toda uma nação (cada vez maior e mais consumista). Apagões de energia, assim como epidemias, e alguns outros tipos de crise, não respeitam governos militares, neoliberais ou populares, justamente porque os governos não respeitam sua periculosidade, não as tratando como prioridades.
Muito bandido que mata hoje, provavelmente já matava em outros governos, assim como não é de agora que muitos políticos enchem os bolsos de seus paletós de grife, feitos sob medida para embolsar dinheiro público. Por que com a crise energética seria diferente? O que falta é energia para se criar medidas que possam resolver estes problemas. A propósito, sabe como acabar com o burburinho sobre o apagão? É fácil, basta começar um novo BBB que no máximo em dois paredões ninguém mais vai lembrar de nada.
As pessoas fecham os olhos para não ver o apagão. Elas fecham as portas para não ver a violência e fecham a cara para não parecerem vulneráveis e serem enganadas. A principal energia que anda faltando no mundo não é elétrica e sim humanitária. Cada vez mais vejo gente apagando valores éticos de suas vidas, ou vivendo na escuridão de seus medos.
Somente espero que desta vez a solução não seja a mesma de 2001 e 2002, no então governo de FHC, quando resolveram combater o problema de falta de energia com racionamentos, e conclamando a população para economizar energia, o que aconteceu depois? Aumentaram as taxas de luz, já que, possivelmente, a referida economia prejudicou o faturamento das companhias de energia elétrica.
Enfim, com tantas alternativas energéticas que temos a disposição hoje em dia, somente espero que governo e oposição usem sua imensa força não apenas para achar culpados ou desculpas, mas para resolver de forma iluminada e eficiente esta situação. Se o pior cego é aquele que não quer ver, o pior paralítico (ou político?), fatalmente, é aquele que não quer agir, prevenir, resolver.
PERGUNTA: O que é, o que é, que ninguém consegue ver quando acontece? APAGÃO NOTURNO.

SUGESTÃO DE PRESENTE DE NATAL E AMIGO SECRETO: presenteie quem você ama, gosta, acha legal, ou que você tenha simplesmente tirado no amigo secreto da empresa com meu singelo livro: “Hoje é seu aniversário – Prepare-se” e faça DUAS pessoas felizes: a pessoa que recebeu o livro e eu (é claro), que estarei divulgando minha obra e ainda ganhando um troquinho com seu gesto. Não sabe onde adquirir o livro? Nas livrarias SARAIVA espalhadas por todo Brasil, na livrarias Cameron dos Shoppings da grande Porto Alegre ou no site da Editora AGE.

abrasc@terra.com.br

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Convite (humorizado?) para Feira de Livro

O ser humano parece ter uma certa fixação por feiras, talvez por isso uma grande parte dos dias da semana terminem com “feira”. A humanidade Já inventou a feira do peixe, a feira dos calçados, a feira do material escolar e assim por diante. Dizem até que criaram a feira da mentira, mas ninguém acreditou.

 

Entre as muitas feiras existentes, uma que se destaca é a feira do livro. Por sinal, está começando a feira do livro de Porto Alegre, um dos maiores eventos literários do Brasil. Será uma feira repleta de autores consagrados, best Sellers dos mais variados tipos, e em meio a tantos autores e livros, haverá a presença quase despercebida de um humilde e eterno aprendiz de escritor, que no próximo dia 7 de novembro estará autografando o livro: “Hoje é seu aniversário – Prepare-se”, a partir das 17:30 hs.

 

Gostaria de avisar a todos aqueles que pretendem prestigiar a feira e de quebra adquirir minha obra (da qual foram produzidos apenas mil exemplares), que está sendo previsto um público de aproximadamente um milhão de pessoas, e no acaso de cada pessoa resolver comprar uns dois exemplares (resolvi ser realista, pois inicialmente estava calculando que cada pessoa compraria cinco exemplares de meu livro), provavelmente faltarão livros e até mesmo florestas para produzi-los.

 

Visando atrair o público através de outras novidades, é bem provável que eu também coloque à disposição dos meus quatro fãs (minhas duas tias de Tucurui, meu alter ego e um sujeito que me confundiu com um clone do L.F. Verissímo) e das demais pessoas ali presentes, pequenos pedaços da minha camiseta da sorte, ao preço de R$ 5,00 cada pedaço. Se as estrelas famosas fazem isso até com as fraldas de seus filhos e dá certo, acho que não haverá mal algum em imitá-las. A camiseta foi utilizada nos principais momentos da criação de minha obra literária, ou seja, usava-a para dormir, um ápice criativo onde minha imaginação voava ao sabor sonoro de meus roncos.

 

Já foram encomendadas umas duzentas camisetas para suprir a possível demanda de pessoas procurando pelos pedaços do referido vestuário. Por isso insisto que vocês comprem o tal pedacinho de pano, visto que não paguei meu fornecer ainda, e o primo dele faz parte da chamada máfia siciliana, que já me ameaçou dizendo que caso eu não cumpra com o pagamento, serei envenenado, esfaqueado, tomarei dois tiros na testa, terei minhas pernas presas a um bloco de cimento e serei atirado no fundo do rio dos sinos. Meu maior temor reside no fato do rio dos sinos andar tão poluído, que corro o risco de morrer se ficar muito tempo exposto as suas águas pútridas.

 

Enfim, todo este amontoado de abobrinhas escritas e utilizadas como enchimento textual de lingüiça (sinceramente peço desculpas, mas sou do tipo que perde o senso da realidade e do ridículo, mas não perde a piada, ou sejá lá o nome que se dá a um texto como este), foram feitos com o intuito de chamar sua atenção para a feira do livro e quem sabe assim atraí-lo para este evento memorável, que nos conduz aos braços dos livros que se mesclam as nossas vidas, eternizando-se em nossas lembranças.

 

sábado, 24 de outubro de 2009

O Começo bem antes do começo

Minha história começa em um local que era literalmente um saco. Não fiquei ali muito tempo. Logo fomos despejados, eu e outros tantos, arremessados num mundo totalmente estranho e novo.



No inicio éramos bilhões, rumando em busca de um lugar melhor onde pudéssemos ser únicos e especiais, crescendo como indivíduos. Corríamos contra o tempo. Tínhamos um destino a cumprir. Todos procurávamos a mesma coisa, a chance de poder ser alguém, de vencer. Pois pressentíamos que o segundo lugar nada mais seria do que o primeiro a perder.



Éramos jovens, muito jovens, mas tínhamos garra e lutávamos a cada momento, para chegar onde queríamos. Ter o nosso próprio espaço. Poder desenvolver novas habilidades. Sermos reconhecidos pelo que éramos e principalmente pelo que viríamos a nos tornar a ser.



Mas a estrada era árdua. A competição dificílima. Muitos paravam, desistiam de trilhar aquela jornada. Eu seguia em frente sem olhar para trás. Deixando muitos pelo caminho. Não tinha jeito, era eu ou eles, e mesmo que quisesse, não tinha como ajudá-los. Vivíamos cada um por si, em uma verdadeira lei da selva, agindo por conta de nossa própria natureza.



Naquele mundo de competição acirrada. Buscávamos nossa identidade. Deixar o anonimato de uma existência simples, para poder escrever nossa história. Os obstáculos se acumulavam e multiplicavam em nossa frente. Uma espécie de caminho desconhecido por onde todos tínhamos de passar.



Não sabíamos ao certo o que nos esperava, qual seria nossa recompensa. Mas seguíamos nosso instinto. Como um velho lema do quartel que dizia: “não posso parar, porque se paro eu penso, se penso eu durmo, se durmo eu morro”. E seguíamos por esta lógica, ainda que de forma irracional. Parar mesmo que por um instante aquela corrida desenfreada significava perder.



No final da longa jornada, já não éramos tantos. Porém, ainda somávamos alguns milhares dos que partiram desde o seu início. Cheguei em primeiro lugar. Minha primeira vitória. Acredito que foi algo equivalente a ganhar na loteria. Um passo gigantesco rumo ao meu futuro. Meu prêmio foi pleno de amadurecimento e crescimento pessoal.



Enfim nasci, encontrando novos bilhões de seres neste pedacinho de terra cheia de poças de água salgada que chamamos de planeta Terra. Aqui cheguei e sigo novamente buscando meu lugar ao sol. Recomeçando tudo novamente nesta caótica e fantástica roda-gigante chamada: VIDA.