As pessoas costumam dizer que muitas coisas se curam com um bom chazinho quente. Infelizmente a humanidade ainda não encontrou um chá que cure o preconceito, qualquer preconceito, mesmo o preconceito que alguns têm por chá.
Outro dia entrei na comunidade SKOOB do Orkut, um lugar interessante, já que é uma comunidade em uma rede social utilizada para debater outra rede social que parece uma comunidade. Ali havia um tópico que gerou tanta polêmica que acabou sendo excluído.
No referido tópico os Orkutskoobianos (acho que se a palavra existisse seria escrita assim), citavam seus escritores preferidos. Lá pelas tantas uma jovem, que não me recordo o nome, escreveu que não gostava de autores nacionais, e essa afirmativa fez com que as postagens pegassem fogo.
Muitos foram aqueles que criticaram a menina. Principalmente porque ela não era muito boa em articular seus motivos, apenas dizia que não gostava e pronto. Era sua opinião final. Vivemos em um País democrático, onde as pessoas podem gostar ou não das coisas, entre elas, das coisas feitas aqui. Mas o bate boca já estava feito.
Daí eu fiquei pensando, por que não gostar de algo daqui? Quando alguém não gosta de brócolis, por exemplo, até dá para tentar entender (mesmo sabendo que um alimento pode ser preparado de inúmeras maneiras, e que alguma delas pode cair no gosto do sujeito desgostoso com aquele tipo de iguaria), mas com a diversidade de autores nacionais, que cobrem todas as áreas da literatura, como alguém poderia simplesmente não gostar do que é escrito aqui, sem que existisse algum motivo concreto para isso?
Então me lembrei da história do homem que não gostava de vinhos nacionais. Ele nem sequer provava os vinhos, tamanha era sua aversão por eles. Um dia este homem viajou para França, que é fabricante de muitos dos melhores vinhos do mundo. Ele foi a um restaurante de lá e chamou o garçom, pedindo-lhe o melhor vinho que eles pudessem ter para servi-lo. O garçom prontamente lhe disse que traria o melhor vinho nacional da adega. O homem levantou irado de sua cadeira, e gritando disse que ele não tomava nenhum tipo de vinho nacional, não importando onde estivesse, e mandou que o garçom fosse buscar um vinho importado.
Enfim, praticamente tudo no mundo se transforma. O próprio universo sofre alterações. O planeta em que vivemos vai se modificando a cada estação. Até nossos corpos vão mudando seus átomos e neurônios com o passar dos anos. As únicas coisas que muitas vezes não mudam, são os conceitos enraizados e transformados em preconceitos na mente das pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário