terça-feira, 27 de setembro de 2011

ASSALTO (IN) CÔMODO



(Autor: Antonio Brás Constante)

-          É um assalto!

-          Como?

-          Eu disse que é um assalto!

-          Mas, nem revolver você tem...

-          É que sou contra a violência. O desemprego me obrigou a partir para o mundo do crime, mas procuro fazer isso de forma pacífica.

-          Olha. Não me leva a mal, mas o que faz você pensar que eu vou aceitar ser assaltado por alguém que não usa armas e não gosta de violência?

-          Justamente para evitar mais violência desnecessária. Se você não colaborar comigo e chamar a polícia, vou acabar preso. A prisão vai servir de escola para me transformar em uma pessoa pior. Quando sair de lá provavelmente vou passar a ser violento e agressivo em meus assaltos. Você não quer isso quer?

-          Sei...

-          Sem falar que se eu fosse praticante da violência, ao invés de estarmos dialogando calmamente como agora, você estaria com uma arma apontada para sua cabeça, sendo agredido, humilhado, quem sabe até mesmo morto. Se tivesse problemas cardíacos poderia ter um ataque ou algo parecido...

-          E você acha que alguém em juízo perfeito vai dar dinheiro para um ladrão somente baseado nesses argumentos?

-          Claro. Pense bem. Se todos os assaltantes agissem assim, não haveria tantas mortes, violência, famílias que perdem seus maridos, filhos, irmãos entre outrosem assaltos. As verbas contra a violência poderiam ser destinadas para outros fins como a geração de empregos, diminuindo assim o índice de assaltos até finalmente acabar com eles de vez.

-          Ok. Toma este dinheiro aqui...

-          Uau! Tudo isto? Como você é generoso...

-          Generoso nada. Pega este dinheiro e vai comprar uma arma. Sou um homem da lei. Se essa moda que você está pregando der certo vou acabar sem emprego. Por isso escuta bem, se eu te pegar tentando dar uma de assaltante bonzinho novamente, te prendo e cubro de porrada. Agora some daqui.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

REINALDÃO NA EXPOINTER


REINALDÃO NA EXPOINTER - Proibido para menores de 18 milhões de anos
(Autor: Antonio Brás Constante)

Expointer, um dos maiores eventos agropecuários da America Latina. Milhares de pessoas circulando em seus ambientes todos os dias (e noites), entre elas, uma se destaca: Reinaldão, um dos maiores boçais que já existiu na face da Terra. O que ele está fazendo ali, aquela noite? A história acontece mais ou menos assim:

Reinaldão chega e debruça-se sobre a cerca de contenção das ovelhas, ficando ao lado daquela beldade loira de olhos cor de mel. Ele fala e sua voz só não sai mais melosa na primeira frase, porque ele arrota um odor de conserva de cebolinhas no meio dela e cospe no fim.

- Mas que tetéia. A fartura corre solta por este corpinho que me faz latejar igual a um dedo martelado.

-(A loira vira-se para Reinaldão) Se a cantada foi para mim, saiba que não gostei, ouviu!

-Calma potranca, eu estava falando com as ovelhas. Mas já que tu me deu papo, quem sabe não me dá o resto junto.

- Você está babando? O que foi? Nunca viu uma mulher gostosa antes?

-Ver é o que menos gosto de fazer com mulher, entende? Meu negócio é exercitar o corporal. E como o local é propício, vou te mostrar como se insemina um animal de modo natural.

Reinaldão solta um sorriso safado, juntamente com a braguilha de suas calças. Pisca o olho por detrás de seus óculos escuro em formato de pára-brisa de opala, e começa a despir a moça com os olhos. Fica imaginando ela coberta de lã. A imagem parece confusa. Mas é porque ele estava há poucos segundos atrás despindo as ovelhas. A cena final acaba aparecendo com a moça, as ovelhas, o tratador das ovelhas e um banquinho coberto com um pelego. Todos completamente nus. Reinaldão é assim, não poupa ninguém.

A moça se afasta. Reinaldão se aproxima. A moça grita. As ovelhas berram. Ele se excita. Por sorte, a loira sai correndo e consegue pegar distância. Afinal, enquanto ela estava se pelando de medo, ele estava apenas se pelando, o que dificultava sua corrida.

Imediatamente começa a correr o boato de que há um tarado correndo pelado pela Expointer. O clima é de suspense. A loira procurando a saída. Reinaldão procurando a loira. E todo resto procurando por ele.

Na confusão, alguém acaba esbarrando nos fios de luz espalhados pelo local, causando curto-circuito e conseqüentemente um blecaute. Tudo fica escuro.

A partir daí, a polícia começa a se guiar pelos gritos e gemidos de animais e pessoas que, sem querer, encontram com Reinaldão e acabam “cruzando” com ele.

Como Reinaldão é favorável pela lei do menor esforço, acaba esquecendo a loira e se interessando por uma vaca premiada. Com ele é assim, traça o que vier, mas prefere as que tenham algum título em concursos de beleza, pode ser de rainha da primavera ou a pobre vaquinha com a faixa de primeiro lugar.

Quando pula em cima da mimosa, os tratadores lhe acertam dardos tranqüilizantes. Ele fica tonto (mais do que já é) e cai, porém, com seu troféu erguido em sinal de resistência.

A paz retorna ao local. Reinaldão é recolhido pelos policiais para alegria de uns poucos que não encontraram com ele e tristeza da bicharada que já estava simpatizando com o “animal”.P.S: Veja a divertida charge do “Reinaldão na Expointer” criada pelo Cartunista Zé Gadis no meu blog: abrasc.blogspot.com, ou pelo link: http://abrasc.blogspot.com/2011/09/charge-do-texto-reinaldao-na-expointer.html