quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pois é, voltei depois de morrer...

(Autor: Antonio Brás Constante)


Pois é, voltei. Acho que morri por uns tempos, me despi de toda roupagem de autor e desisti, resistindo aos primeiros impulsos de respirar novamente a escrita, esmoreci a vontade de voltar, até sentir que tinha me libertado da liberdade de escrever. Cheguei a virar a página, a apagar a luz, a esquecer como é a sensação de ordenar aos dedos que dedilhassem meus pensamentos em algo que se pudesse ler...

Escrever é como nadar contra a correnteza, sem qualquer certeza de onde se quer chegar. O que eu fiz foi apenas parar de dar braçadas nas águas dos acontecimentos, me deixei afundar, sem qualquer resistência ou insistência. Por isso que digo que morri, me afoguei nas profundezas do esquecimento, e a cada dia ia ficando mais fácil, mais cômodo, mais tranqüilo, mais... Etc. A cada dia mais eu via menos de mim mesmo como escritor.

Outro dia, logo após publicar meu primeiro texto de retorno “A CANDIDATA E O BDSM”, recebi algumas mensagens de boas-vindas, entre elas a de um amigo que ainda não conheço pessoalmente, mas com quem já tive a oportunidade de conversar algumas vezes por telefone, e-mails e redes sociais, o jornalista e também escritor Aparecido Raimundo de Souza (a quem estou devendo já á um bom tempo à criação de um vídeo com seus textos para ser lançado no Youtube). Da troca de mensagens com o Aparecido veio o embrião da idéia deste novo texto.

Descobri que parar de escrever até que não é tão difícil. Basta por na balança o alto custo de algo tão precioso quanto o tempo gasto em algo como a escrita. Quando se pesa o custo e o beneficio de escrever, percebemos que se dedicar à escrita é um péssimo negócio.

Escrever, assim como viver, dá trabalho, cansa, esgota as energias. Aborrece às vezes. Fazendo-nos querer ser nada, sombras livres para vagar sem chamar a atenção para si. Deixar de ser vidraça, deixar de levar pedradas, deixar de juntar os cacos sempre que refletimos o brilho de nossas idéias na cara dos outros, isso muitas vezes irrita-os, tirando-lhes da comodidade de suas concepções prontas, e despertando a selvageria latente naqueles que são forçados a ter que pensar, mesmo que através da leitura de bobagens sem muito sentido.

Mas o que é o sentido? Quando vemos uma seta apontando em uma direção, achamos que aquilo faz sentido, que ela aponta para algo à frente, mas e se ela estiver apontando para o mais à frente, ou para o mais à frente ainda, vamos seguindo sua direção e encontrando tantas coisas, até chegar a um ponto em que ela vai apontar para o nada e nos perderemos em seu rumo, sem rumo.

O engraçado é que após minha volta, muitos já me perguntaram porque parei, mas ninguém perguntou porque voltei, ninguém mesmo, nem eu, pois confesso que ainda não saberia responder a essa pergunta...

FILMES NO YOUTUBE: Produzi dois filmes e postei no Youtube, se quiser assisti-los e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” ou “Livro Maldito”, ou através dos links:


Se gostar dos filmes e tiver conta no Youtube, peço que clique em “gostei” me ajudando assim a divulgá-los.

LIVRO E LISTA DE LEITORES: Estou distribuindo gratuitamente cópias em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”. Se você quiser o livro em PDF ou fazer parte de minha lista de leitores, basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O falso esperto falsificado

 
O falso esperto é aquele individuo que tenta enganar todo mundo sem perceber que o principal enganado por ele é... Ele mesmo. Todo mundo pode ter esta síndrome do falso esperto dentro de si, e nem se dar conta disso.


Quando você vai a uma fruteira, por exemplo, e compra aqueles pacotes fechados de maçãs, e depois quando chega em casa encontra algumas maçãs podres bem no meio do pacote, escondidas entre as outras frutas, você pode achar inicialmente que foi mais uma vítima de um ser ardiloso, mas passados alguns meses perceberá que a tal fruteira fechou ou mudou de dono, porque simplesmente o tal esperto faliu. Mas porque faliu? Obviamente porque você e a grande maioria de outras vítimas deixaram de comprar lá.


O falso esperto sempre parece esquecer que cada cliente conquistado pode trazer junto com ele um potencial novo cliente (mãe, vizinha, cunhado, amigo. etc) para conhecer o seu negócio. Por outro lado, para cada cliente enganado são pelo menos dez prováveis clientes perdidos, que sem nem terem pisado os pés no seu estabelecimento vão querer distância dele.


É a tal propaganda do boca em boca, que se espalha de forma sazonal e passa a rasteira em qualquer aspirante a falso esperto. A prática do boca em boca é tão boa que os governos em geral até já absorveram esta ideia e a transformaram em boca de urna, espalhando aos quatro ventos as preferências do eleitor, mesmo antes dele votar, atraindo ou afastando as chances deste ou daquele candidato. Mas lembrem-se, esta técnica não cria nada do nada (ou será que cria?), apenas intensifica uma tendência já existente.


O falso esperto se prolifera em todas as áreas da sociedade. E o que é pior, seus maus atos acabam servindo de exemplo e até justificativa para que novos aspirantes a falsos espertos entrem nesta mediocridade. Tem o caso daquelas pessoas que trabalham como se fossem o pior tipo de funcionário da máquina pública (simplesmente porque acham que podem fazer isso), onde seu produto é o mesmo que aquele encontrado na privada (literalmente falando). Porém, em um belo dia de sol com poucas nuvens, elas acabam perdendo o emprego e ainda se acham injustiçadas.


Temos vários tipos de falsos espertos se espraiando entre nós, como no caso do coitadinho de mim, que parece estar sempre na pior, agindo como se o mundo todo estivesse com raiva dele, evitando ele, conspirando contra ele, cuspindo na sua cabeça coisas impublicáveis, através das pombas que voam ao seu redor. Tudo que dá errado em sua vida é por culpa de forças maiores do que ele, se ele for jogador de futebol e não conseguir fazer gol de letra vai dizer que a vida cruel fez dele um analfabeto campal e por isso errou o gol. Cada choradeira parece sugar a energia positiva daqueles que estão em sua volta, pois sua eterna atitude de pobre coitado faz dele um vampiro em busca de solidariedade para se dar bem à custa dos outros, e com isso ele vai afastando as pessoas, que acabam se irritando com este tipo de atitude parasitária.


O Falso esperto bom de papo é um dos piores. Ele deixa qualquer um zonzo com seus nhem-nhem-nhem (você não sabe o que é nhem-nhem-nhem? É o mesmo que blá-blá-blá). Este tipo de falso esperto sabe tudo, conhece tudo, entende tudo. Seu discurso sempre é carregado de “eu”, “Eu”, “EU”. Ele diz coisas do tipo: “porque eu já tinha pensado nisso”, “Eu conquistei aquilo”, “EU sou o melhor naquilo outro”. O cara só não acha que é um Deus, porque o Deus bíblico fez em seis dias o que ele faria em apenas dois, e com uma das mãos nas costas. Ele vai pegando carona descaradamente no trabalho dos outros e apresentando como sendo seu, conseguindo às vezes se promover um pouco com isso, até chegar um ponto aonde ninguém mais vai lhe dar créditos, oportunidades ou mesmo querer trabalhar com ele.


Enfim, são tantos os tipos de falsos espertos que apenas um texto é pouco para descrevê-los (temos até o falso esperto “canguru perneta” de quem eu falo em outra hora). O falso esperto é uma faceta de nós mesmos que deveria estar sempre devidamente guardada e bem trancada em nosso âmago, mas que infelizmente pode aflorar em qualquer um, a qualquer momento, transformando uma essência humana de requintado vinho, em azedo vinagre. O falso esperto virou até lei, a lei de Gérson (“gosto de levar vantagem em tudo, certo?”). Mas volto a lembrar que o pior dano que um falso esperto pode causar é nele mesmo, pois é sempre um candidato a esperto falsificado que acaba sendo enganado no golpe do bilhete premiado.


FILMES NO YOUTUBE: Produzi dois filmes e postei no Youtube, se quiser assisti-los e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” ou “Livro Maldito”, ou através dos links:





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