METENDO
O GRAVETO NA GREVE
(AUTOR:
Antonio Brás Constante)
A greve é sempre um
fantasma pairando sobre a cabeça (e o emprego) dos seres humanos. É um
verdadeiro cabo de guerra, onde a corda está sempre amarrada e sendo puxada pelo
pescoço e não pelas mãos.
Mas além da greve
tradicional, onde a maioria para seus afazeres, reivindicando salários maiores,
benefícios maiores, auxílios maiores, direitos maiores, comissões maiores, Et
ceteras maiores e cargas horárias... Menores. Existem também vários outros tipos
de greve menos conhecidas, ou mesmo lembradas. Temos por exemplo: à greve de
fome, onde o indivíduo luta contra suas próprias vontades, e visando fazer valer
seus pontos de vista acaba perdendo algo de si (no caso, o peso), ou seja, ele
alimenta a greve com sua própria fome de lutar pelo que acha
certo.
Ainda podemos citar outras
greves, tais como: a greve do álcool e a do fumo, onde a luta é contra os vícios
que dominam e escravizam quem deles é dependente. Não são poucas às assembléias
sofridas dentro da mente do indivíduo, onde se travam discussões intermináveis
para continuar trabalhando em prol do vício ou se livrar
dele.
As greves de sexo, em geral
utilizadas pelas mulheres quando querem algo a seu favor e principalmente contra
(o bolso) dos homens. Nestes casos, sempre o esposo (namorado, etc) pode dizer
que se a greve não terminar ele vai buscar o apoio das “amigas” contra aquela
injustiça, por estar verdadeiramente de saco cheio daquilo. Mas com este ato
extremo, pode acontecer da mulher responder que se o safado fizer isto, ela vai
procurar se “coligar” com os “amigos”. A partir daí o bicho pega e alianças são
desfeitas, literalmente.
Uma outra greve não muito
divulgada é a greve do PUM. Sabe aquela vontade que dá às vezes de soltar, não a
voz, mais outros sons saídos das regiões mais baixas de nosso ser? Sei que é um
assunto delicado. Muitos não admitem que pessoas educadas façam isso. Mas aí é
que entra a tal da greve.
De um lado você fazendo
pressão para segurar suas necessidades fisiológicas, do outro seus intestinos
tentando insuflar o corpo todo contra você, e o que é pior, tentando convencer
você a insuflar no ambiente em que se encontra. É uma verdadeira guerra
solitária. Onde se mantém prisioneiro um inimigo indesejado criado por nossas
próprias entranhas e que agora anseia por um sopro de
liberdade.
Se você se desmobilizar ele
escapa, não de suas mãos, mas de outro lugar tão apertado quanto seu punho mais
fechado (em alguns indivíduos, nem tanto). Caso isto ocorra, você receberá
olhares reprovadores, avisados por narinas captadoras das más notícias que
chegaram pelo ar.
Para encerrar o texto fica
a explicação quanto a origem histórica da palavra greve, que vem do Francês
“grève" e que era associada ao
nome de uma praça de Paris as margens do rio Sena, chamada de “Place de Grève”. Nessa praça se acumulavam
inúmeros gravetos devido às enchentes do Rio Sena. Era nesse local que os
trabalhadores se aglomeravam para alocar sua força de trabalho e protestarem
contra os abusos dos patrões.
A greve em suas origens
mais remotas está ligada a palavra “graveto”, que pode nos fazer lembrar por
assimilação da palavra “lenha” e que é muito utilizada nas expressões populares
em tempo de conflitos através de expressões como: “baixar a lenha” ou mesmo
“botar lenha na fogueira”, até que um acordo aconteça e todos voltem ao
trabalho, pois o que ninguém quer é acabar levando lenha dos
patrões.
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