quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Pois é, voltei depois de morrer...
(Autor: Antonio Brás
Constante)
Pois é, voltei. Acho que morri por uns
tempos, me despi de toda roupagem de autor e desisti, resistindo aos primeiros
impulsos de respirar novamente a escrita, esmoreci a vontade de voltar, até
sentir que tinha me libertado da liberdade de escrever. Cheguei a virar a
página, a apagar a luz, a esquecer como é a sensação de ordenar aos dedos que
dedilhassem meus pensamentos em algo que se pudesse
ler...
Escrever é como nadar contra a correnteza,
sem qualquer certeza de onde se quer chegar. O que eu fiz foi apenas parar de
dar braçadas nas águas dos acontecimentos, me deixei afundar, sem qualquer
resistência ou insistência. Por isso que digo que morri, me afoguei nas
profundezas do esquecimento, e a cada dia ia ficando mais fácil, mais cômodo,
mais tranqüilo, mais... Etc. A cada dia mais eu via menos de mim mesmo como
escritor.
Outro dia, logo após publicar meu primeiro
texto de retorno “A CANDIDATA E O BDSM”, recebi algumas mensagens de
boas-vindas, entre elas a de um amigo que ainda não conheço pessoalmente, mas
com quem já tive a oportunidade de conversar algumas vezes por telefone, e-mails
e redes sociais, o jornalista e também escritor Aparecido Raimundo de Souza (a
quem estou devendo já á um bom tempo à criação de um vídeo com seus textos para
ser lançado no Youtube). Da troca de mensagens com o Aparecido veio o embrião da
idéia deste novo texto.
Descobri que parar de escrever até que não
é tão difícil. Basta por na balança o alto custo de algo tão precioso quanto o
tempo gasto em algo como a escrita. Quando se pesa o custo e o beneficio de
escrever, percebemos que se dedicar à escrita é um péssimo
negócio.
Escrever, assim como viver, dá trabalho,
cansa, esgota as energias. Aborrece às vezes. Fazendo-nos querer ser nada,
sombras livres para vagar sem chamar a atenção para si. Deixar de ser vidraça,
deixar de levar pedradas, deixar de juntar os cacos sempre que refletimos o
brilho de nossas idéias na cara dos outros, isso muitas vezes irrita-os,
tirando-lhes da comodidade de suas concepções prontas, e despertando a
selvageria latente naqueles que são forçados a ter que pensar, mesmo que através
da leitura de bobagens sem muito sentido.
Mas o que é o sentido? Quando vemos uma
seta apontando em uma direção, achamos que aquilo faz sentido, que ela aponta
para algo à frente, mas e se ela estiver apontando para o mais à frente, ou para
o mais à frente ainda, vamos seguindo sua direção e encontrando tantas coisas,
até chegar a um ponto em que ela vai apontar para o nada e nos perderemos em seu
rumo, sem rumo.
O engraçado é que após minha volta, muitos
já me perguntaram porque parei, mas ninguém perguntou porque voltei, ninguém
mesmo, nem eu, pois confesso que ainda não saberia responder a essa
pergunta...
FILMES NO YOUTUBE:
Produzi dois filmes e postei no Youtube, se quiser assisti-los e quem sabe dar
boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu
aniversário” ou “Livro Maldito”, ou através dos
links:
Se gostar dos filmes e
tiver conta no Youtube, peço que clique em “gostei” me ajudando assim a
divulgá-los.
LIVRO E LISTA DE
LEITORES: Estou distribuindo gratuitamente cópias em PDF do meu livro: “Hoje é
seu aniversário – PREPARE-SE”. Se você quiser o livro em PDF ou fazer parte de
minha lista de leitores, basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br
Site: abrasc.blogspot.com
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
O falso esperto falsificado
Quando você vai a uma
fruteira, por exemplo, e compra aqueles pacotes fechados de maçãs, e depois
quando chega em casa encontra algumas maçãs podres bem no meio do pacote,
escondidas entre as outras frutas, você pode achar inicialmente que foi mais uma
vítima de um ser ardiloso, mas passados alguns meses perceberá que a tal
fruteira fechou ou mudou de dono, porque simplesmente o tal esperto faliu. Mas
porque faliu? Obviamente porque você e a grande maioria de outras vítimas
deixaram de comprar lá.
O falso esperto sempre
parece esquecer que cada cliente conquistado pode trazer junto com ele um
potencial novo cliente (mãe, vizinha, cunhado, amigo. etc) para conhecer o seu
negócio. Por outro lado, para cada cliente enganado são pelo menos dez prováveis
clientes perdidos, que sem nem terem pisado os pés no seu estabelecimento vão
querer distância dele.
É a tal propaganda do boca
em boca, que se espalha de forma sazonal e passa a rasteira em qualquer
aspirante a falso esperto. A prática do boca em boca é tão boa que os governos
em geral até já absorveram esta ideia e a transformaram em boca de urna,
espalhando aos quatro ventos as preferências do eleitor, mesmo antes dele votar,
atraindo ou afastando as chances deste ou daquele candidato. Mas lembrem-se,
esta técnica não cria nada do nada (ou será que cria?), apenas intensifica uma
tendência já existente.
O falso esperto se
prolifera em todas as áreas da sociedade. E o que é pior, seus maus atos acabam
servindo de exemplo e até justificativa para que novos aspirantes a falsos
espertos entrem nesta mediocridade. Tem o caso daquelas pessoas que trabalham
como se fossem o pior tipo de funcionário da máquina pública (simplesmente
porque acham que podem fazer isso), onde seu produto é o mesmo que aquele
encontrado na privada (literalmente falando). Porém, em um belo dia de sol com
poucas nuvens, elas acabam perdendo o emprego e ainda se acham
injustiçadas.
Temos vários tipos de
falsos espertos se espraiando entre nós, como no caso do coitadinho de mim, que
parece estar sempre na pior, agindo como se o mundo todo estivesse com raiva
dele, evitando ele, conspirando contra ele, cuspindo na sua cabeça coisas
impublicáveis, através das pombas que voam ao seu redor. Tudo que dá errado em
sua vida é por culpa de forças maiores do que ele, se ele for jogador de futebol
e não conseguir fazer gol de letra vai dizer que a vida cruel fez dele um
analfabeto campal e por isso errou o gol. Cada choradeira parece sugar a energia
positiva daqueles que estão em sua volta, pois sua eterna atitude de pobre
coitado faz dele um vampiro em busca de solidariedade para se dar bem à custa
dos outros, e com isso ele vai afastando as pessoas, que acabam se irritando com
este tipo de atitude parasitária.
O Falso esperto bom de papo
é um dos piores. Ele deixa qualquer um zonzo com seus nhem-nhem-nhem (você não
sabe o que é nhem-nhem-nhem? É o mesmo que blá-blá-blá). Este tipo de falso
esperto sabe tudo, conhece tudo, entende tudo. Seu discurso sempre é carregado
de “eu”, “Eu”, “EU”. Ele diz coisas do tipo: “porque eu já tinha pensado nisso”,
“Eu conquistei aquilo”, “EU sou o melhor naquilo outro”. O cara só não acha que
é um Deus, porque o Deus bíblico fez em seis dias o que ele faria em apenas
dois, e com uma das mãos nas costas. Ele vai pegando carona descaradamente no
trabalho dos outros e apresentando como sendo seu, conseguindo às vezes se
promover um pouco com isso, até chegar um ponto aonde ninguém mais vai lhe dar
créditos, oportunidades ou mesmo querer trabalhar com
ele.
Enfim, são tantos os
tipos de falsos espertos que apenas um texto é pouco para descrevê-los (temos
até o falso esperto “canguru perneta” de quem eu falo em outra hora). O falso
esperto é uma faceta de nós mesmos que deveria estar sempre devidamente guardada
e bem trancada em nosso âmago, mas que infelizmente pode aflorar em qualquer um,
a qualquer momento, transformando uma essência humana de requintado vinho, em
azedo vinagre. O falso esperto virou até lei, a lei de Gérson (“gosto de levar
vantagem em tudo, certo?”). Mas volto a lembrar que o pior dano que um falso
esperto pode causar é nele mesmo, pois é sempre um candidato a esperto
falsificado que acaba sendo enganado no golpe do bilhete
premiado.
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domingo, 7 de outubro de 2012
Metendo o graveto na greve
METENDO
O GRAVETO NA GREVE
(AUTOR:
Antonio Brás Constante)
A greve é sempre um
fantasma pairando sobre a cabeça (e o emprego) dos seres humanos. É um
verdadeiro cabo de guerra, onde a corda está sempre amarrada e sendo puxada pelo
pescoço e não pelas mãos.
Mas além da greve
tradicional, onde a maioria para seus afazeres, reivindicando salários maiores,
benefícios maiores, auxílios maiores, direitos maiores, comissões maiores, Et
ceteras maiores e cargas horárias... Menores. Existem também vários outros tipos
de greve menos conhecidas, ou mesmo lembradas. Temos por exemplo: à greve de
fome, onde o indivíduo luta contra suas próprias vontades, e visando fazer valer
seus pontos de vista acaba perdendo algo de si (no caso, o peso), ou seja, ele
alimenta a greve com sua própria fome de lutar pelo que acha
certo.
Ainda podemos citar outras
greves, tais como: a greve do álcool e a do fumo, onde a luta é contra os vícios
que dominam e escravizam quem deles é dependente. Não são poucas às assembléias
sofridas dentro da mente do indivíduo, onde se travam discussões intermináveis
para continuar trabalhando em prol do vício ou se livrar
dele.
As greves de sexo, em geral
utilizadas pelas mulheres quando querem algo a seu favor e principalmente contra
(o bolso) dos homens. Nestes casos, sempre o esposo (namorado, etc) pode dizer
que se a greve não terminar ele vai buscar o apoio das “amigas” contra aquela
injustiça, por estar verdadeiramente de saco cheio daquilo. Mas com este ato
extremo, pode acontecer da mulher responder que se o safado fizer isto, ela vai
procurar se “coligar” com os “amigos”. A partir daí o bicho pega e alianças são
desfeitas, literalmente.
Uma outra greve não muito
divulgada é a greve do PUM. Sabe aquela vontade que dá às vezes de soltar, não a
voz, mais outros sons saídos das regiões mais baixas de nosso ser? Sei que é um
assunto delicado. Muitos não admitem que pessoas educadas façam isso. Mas aí é
que entra a tal da greve.
De um lado você fazendo
pressão para segurar suas necessidades fisiológicas, do outro seus intestinos
tentando insuflar o corpo todo contra você, e o que é pior, tentando convencer
você a insuflar no ambiente em que se encontra. É uma verdadeira guerra
solitária. Onde se mantém prisioneiro um inimigo indesejado criado por nossas
próprias entranhas e que agora anseia por um sopro de
liberdade.
Se você se desmobilizar ele
escapa, não de suas mãos, mas de outro lugar tão apertado quanto seu punho mais
fechado (em alguns indivíduos, nem tanto). Caso isto ocorra, você receberá
olhares reprovadores, avisados por narinas captadoras das más notícias que
chegaram pelo ar.
Para encerrar o texto fica
a explicação quanto a origem histórica da palavra greve, que vem do Francês
“grève" e que era associada ao
nome de uma praça de Paris as margens do rio Sena, chamada de “Place de Grève”. Nessa praça se acumulavam
inúmeros gravetos devido às enchentes do Rio Sena. Era nesse local que os
trabalhadores se aglomeravam para alocar sua força de trabalho e protestarem
contra os abusos dos patrões.
A greve em suas origens
mais remotas está ligada a palavra “graveto”, que pode nos fazer lembrar por
assimilação da palavra “lenha” e que é muito utilizada nas expressões populares
em tempo de conflitos através de expressões como: “baixar a lenha” ou mesmo
“botar lenha na fogueira”, até que um acordo aconteça e todos voltem ao
trabalho, pois o que ninguém quer é acabar levando lenha dos
patrões.
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