segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Você reconhece os presentes que ganha?

NOTA DO AUTOR: Nesta data (09.09.2010) morreu um grande escritor Canoense, Antonio José Giacomazzi, e para prestar uma homenagem ao nobre amigo das letras, envio o texto abaixo, extraído e forjado em uma conversa casual com ele, em uma bela tarde de sol, tendo como platéia uma legião de livros. Espero que apreciem. ABC

 

VOCÊ RECONHECE OS PRESENTES QUE GANHA?

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Bons presentes muitas vezes não custam dinheiro, mas em virtude disto, custamos a reconhecê-los como presentes. Uma troca de palavras pode ser bem mais preciosa do que uma jóia. Foi o que aconteceu em um dos dias em que estive prestigiando a feira do livro de Canoas de 2009. Estava eu na praça vendo as pessoas rodeadas pelas árvores e as árvores rodeadas de pessoas, tendo os livros preenchendo todos os demais espaços vazios. Naquele dia tive a oportunidade de conversar um pouco com o patrono do evento.

 

Para quem não o conheceu, posso descrever o patrono daquela feira do livro, Antonio José Giacomazzi, como um jovem de um pouco mais de sessenta anos, poeta, artista plástico, escritor e dono de uma mente indomável, capaz de criar obras lindíssimas, usando os papéis ou pinceis ao seu dispor. Ele me agraciou com uma história, dessas que ocorrem durante a valsa entre dois dançarinos hindus chamados de: espaço e tempo.

 

A história falava sobre a amizade entre um menino e um golfinho, e que graças a esta relação de amizade, o animal foi desenvolvendo acrobacias e malabarismos como forma de brincar e interagir com o garoto. Essas brincadeiras com ares de show circense foram atraindo pessoas de longe para conhecer e assistir ao espetáculo que ali acontecia.

 

Mas toda essa migração de pessoas de outras localidades começou a onerar o reino local, que se via obrigado a dar abrigo e comida para aquela multidão que ali se aglomerava, ansiosa para ver o menino e seu golfinho. O que o rei resolveu fazer então para sanar o problema? Matou o golfinho...

 

Antes que alguém possa pensar que esta história pretende falar sobre os políticos em geral, que com suas tantas atitudes cegas e burras acabam matando verdadeiros tesouros, no intuito simplista de resolver problemas administrativos, se enganou. Quero dizer que o rei está dentro de nós. Pois nossos atos geram políticos decepcionantes, matam golfinhos artistas e destroem presentes valiosos que deixamos de lado por não entendê-los como presentes. Ao cobiçar o jarro de ouro em um deserto, muitas vezes desperdiça-se a preciosa água guardada dentro dele, que poderia salvar uma vida.

 

Bons presentes devem ser partilhados, e por isso resolvi compartilhar de forma escrita esta bela história. E você? Já presenteou alguém, ou recebeu de presente algo que considera especial?

 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Se lixando para o lixo... (e a mãe, vai bem?)

O mar esconde mistérios, aonde muitas vezes estes mistérios chegam através de misteriosos navios, com seus ainda mais misteriosos containeres. Mas, ao abrir essas aparentemente inofensivas caixas de pandora, o que encontramos dentro desses cavalos de tróia forjados no mais sujo aço? LIXO.

Por esses dias noticiaram mais um caso de lixo enviado ao nosso quintal, vindo através pelo oceano diretamente de outro continente (desta vez de um vizinho alemão), que por não achar algum cantinho mais adequado dentro das fronteiras do seu quintal europeu (que lhe servisse de depósito de detritos), resolveu de um jeito bem promíscuo (para não dizer FDP) aqui largar o seu incômodo lixo.

Eles poderiam nos enviar flores, como política de boa vizinhança. Poderiam enviar pedras decoradas e escritas com mensagens de amizade (que provavelmente não entenderíamos por estarem escritas em alemão), ou até mesmo containeres cheios de cachorrinhos felpudos batizados de Lulu (algo tremendamente desumano com os pobres cãezinhos, e talvez por isso mesmo bem fácil de acontecer). Mas ao invés disto, nos enviaram o mais impuro resíduo puramente humano que o mundo industrializado pode gerar, ou seja, vinte e duas toneladas de lixo.

O ser humano tem uma capacidade infeliz de se livrar de seus problemas colocando eles no pátio dos outros. Cansamos de ver gente jogando seu lixo em terrenos baldios, em valos, em praças, etc. Muitas vezes na calada da noite, para que ninguém veja sua porquice e descaso com os demais semelhantes (se bem que pessoas assim têm mais semelhanças com porcos, apesar de que no caso dos porcos, a porquice é uma falta de opção).

Mas o problema não é apenas em nosso País. Lembro que ouvi algo a respeito de uma missão (de guerra ou de paz) em alguma outra parte deste nosso redondo orbe, onde os militares tentaram conscientizar as pessoas de lá a armazenarem seus resíduos e promover uma coleta de lixo, porque eles simplesmente largavam tudo em volta de suas moradas, mas a primeira coisa que as pessoas do povoado perguntaram, foi sobre o que ganhariam para fazer aquele “trabalho”.

Então chegamos a uma lei bem brasileira: a lei de Gérson. A lei de se levar vantagem em tudo. Sempre tem aqueles que pensam: “Meu animalzinho morreu... Pobrezinho, eu o amava tanto... Enterro ele? NÃO! Vou colocá-lo (se muito) em uma sacola e jogá-lo ao relento, de preferência em algum lugar longe de minha casa, para não sentir o cheiro de carniça podre”. Se alguém quiser que enterre ele depois, ou recolha-o e quem sabe, com sorte, jogue-o na frente da casa do ex-dono que se descartou de forma tão animal, de seu fiel amiguinho mortinho.

Sei que muitos não gostam de ouvir, ler, sentir o cheiro, ou mesmo imaginar qualquer coisa que se relacione com a política, mesmo que suas vidas sejam guiadas diretamente por este produto de cunho social (e mesmo assim eles nem se dêem conta disto). Mas já que estamos falando de lixo, nada mais justo que pensarmos em toda energia transformada em detritos que ocorre nesta época do ano eleitoral.

O lixo verbal, o lixo televisivo, o lixo tomando as ruas em forma de panfletos, em forma de banners, de cartazes colados em cada recanto pelo qual passamos. O lixo intragável da falácia, da mentira, da desonestidade (todo este lixo nada mais é do que um subproduto do luxo de vivermos em uma democracia). O lixo em que muitos transformam o seu direito de votar. E assim como o vôo da siriema vesga não altera o curso dos rios, vale a pena lembrar que para se sujar o corpo basta trabalhar no lixo, porém, para se sujar a alma, o jeito mais eficaz que existe ainda é entrar para o mundo da política.




NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).