domingo, 27 de junho de 2010

BBB FUTEBOL NO AR

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

O mundo gira e a bola rola. O tempo passa e passam os lances no gramado. É o futebol que invade nossas vidas sem levar cartão furado.

 

Não existe impedimento, apenas o sofrimento de toda nação, que torce por seus heróis lendários nestes eventos bilionários.

 

Lá o juiz é ladrão, rouba da seleção. Aqui o ladrão é juiz, roubando o sustento de mais um infeliz.

 

Pobre jogador foi agredido. Pobre cidadão foi demitido, mas neste lance ninguém prestou atenção, estavam todos vidrados na televisão.

 

Que tremenda jogada por milhares comentada, passou por três e marcou. Que horrenda emenda apresentada, ninguém notou, foi aprovada e outro direito conquistado dançou no Senado. Outro imposto chegou. Outra mordomia se incorporou ao salário de quem lhe apresentou, de quem sordidamente a julgou.

 

Amontoam-se os afortunados no estádio, se amontoam os desvalidos nas favelas. Olhares na mesma direção, milhares de indivíduos cegos para sua miserável situação, o importante agora é torcer pela seleção.

 

Gritos ecoam de todas as direções, gol marcado, vitória da seleção. Gritos se calam, marcados em giz e sangue no chão, vítimas da opressão. Mas neste lance arbitrário não tinha árbitro para dar cartão vermelho aos culpados.

 

Acabou a copa, o Brasil é campeão (ou não). Mais um sonho realizado, ou talvez despedaçado. Entoem felizes todos os cidadãos suas cantigas de louvor à seleção, ou quem sabe, suas lamúrias de decepção. Enfim acordem, pois sua sina continua. Voltem e marchem a marcha dos desesperados. Voltem e votem em lobos disfarçados. Cantem em gemidos o hino dos desgraçados...

 

 

 

 

sábado, 19 de junho de 2010

AS ZEBRAS E A COPA DE DOIS MIL E DEZ (LIGADO)

 (Autor: Antonio Brás Constante)

 

Tragédia para o time de Honduras. Os hondurenhos chegaram tentando comer a bola, mas tiveram que engolir a seleção chilena (que jogou de vermelho parecendo uma pimenta malagueta) e acabaram pedindo água. O problema foi que ao invés de tomarem um gole, acabaram tomando um gol, e assim Honduras terminou o jogo sentindo o sabor amargo da derrota.

 

Portugal bem que tentou por a mão na massa e sovar o adversário, mas a Costa do Marfim não deu as costas aos seus oponentes, entrando em campo disposta a mostrar para Portugal porque é chamada de Elefante. Um elefante que travou o avanço português deixando a competição empatada, e seus adversários lusos, trombudos com o resultado.

 

Apesar de não ter assistido o jogo entre Suíça e Espanha, consegui ouvir e ler algumas partes dos comentários aqui e acolá, mas o que li e ouvi me deixou pensando se eles estavam mesmo falando de futebol. Primeiro alguém disse que a Suíça estava namorando o gol da Espanha, depois que a Espanha não estava tendo penetração para marcar, e o que é pior, falavam que se os espanhóis não endurecessem seu ataque não conseguiriam furar o bloqueio Suíço. Parece que o gol só acabou saindo graças a um incrível malabarismo por parte dos jogadores da Suíça.  No entrevero do jogo a seleção Suíça acabou levando a melhor e ficando por cima, gozando o mérito de faturar a espanhola.

 

Parreira conseguiu novamente pegar para treinar uma seleção verde-amarela (neste caso a África do Sul usando estas cores em seus uniformes), e com muito esforço e peculiar técnica organizá-la de tal forma a tirar-lhe toda e qualquer chance de vencer a copa (e ele ainda é pago para fazer isso). E assim o Uruguai deu-lhe um, deu-lhe dois, deu-lhe três gols e vitória dos uruguaios.

 

Argentina versus Coréia do sul, desta vez o tão alardeado show futebolístico da Argentina finalmente apareceu e foi realmente um “show-colate” sobre o time da Coréia. Falando em chocolate, a Alemanha entrou em campo achando que iria se servir da Sérvia, e a Sérvia bem que tentou dar uma mãozinha (acho que alguns jogadores sérvios devem ser do time de handebol, talvez isso explique porque eles gostam tanto de enfiar a mão na bola). Neste jogo o melhor em campo foi sem sombra de dúvidas o travessão, que impediu muitos gols, não provocou faltas, e nem sofreu impedimentos, ainda assim levou um cartão amarelo do juiz por estar sem camisa. Nestas duas partidas a Sérvia se portou como um autêntico Robin Hood, entregando (o jogo) aos mais fracos e tirando a vitória dos mais fortes.

 

A Grécia mudou a tática do “penso logo existo” para o “penso logo insisto” e finalmente conseguiu ganhar seu primeiro jogo em uma copa do mundo. A seleção da França fez em campo o que os franceses fazem de melhor, ou seja, entrou em greve em plena partida. O México se aproveitou da situação e atravessando a fronteira do meio de campo fez dois gols, praticamente garantindo seu visto de permanência na copa para próxima fase.

 

Os americanos jogaram de fardamento azul com uma faixa branca. Aquela faixa em seu fardamento lembrava vagamente um modelito de miss, algo do tipo: “miss trepei”. Mas o que bagunçou a vida do time dos EUA foi o gol anulado, algo que poderia vir a ser considerado como uma sujeira bem pequena, se compararmos com aquele gigantesco vazamento de óleo que anda emporcalhando o oceano lá no Golfo do México, com as bênçãos do Tio Sam.

 

Enfim, não sei que é porque a copa é na África, mas muitos dos jogos desta fase foram verdadeiras zebras, onde em muitos casos o favoritismo acabou indo para escanteio, junto com parte da esperança de alguns grandes times em continuar na disputa deste mundial.

 

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma pitada de Brasil na Copa de dois mil e dez (ligado)

UMA PITADA DE BRASIL NA COPA DE DOIS MIL E DEZ (LIGADO)


(Autor: Antonio Brás Constante)



Uma coisa nós podemos dizer, comentar, e praticamente afirmar desta copa de 2010, ninguém vai conseguir ganhar qualquer jogo no grito, sejam os jogadores ou a torcida, visto que o barulho ensurdecedor das vuvuzelas inviabiliza este tipo de tática.



Vamos começar falando da Holanda que apesar de não ter jogado com seus tradicionais sapatos de madeira, se aproveitou do liberalismo inerente aquele País e deu um banho na Dinamarca, onde o primeiro gol foi literalmente uma bola nas costas, efetuada pelos jogadores louros, nórdicos e dinamarqueses contra seu próprio time.



O Japão entrou com intenção de cozinhar o time de Camarões em campo (e quem sabe fazer um prato exótico com eles), por sinal o Japão aparentemente andou fazendo um bom alongamento antes da copa, pois alguns de seus jogadores eram mais compridos que esperança de torcedor, destoando dos demais jogadores convencionalmente menores, formando assim um time cheio de altos e baixos. Por outro lado a seleção de Camarões não estava com muita vontade de dar sopa pra ninguém (tinham até um clone capilar do Ronaldinho gaúcho, que pelo que me lembro chamava-se: Assou Ekotto, Assou o Sovaco, Assou a virilha, ou qualquer coisa assim), dando a entender que se o Japão não abrisse os olhos levaria a pior em campo. Mas no final das contas a marca japonesa foi mais forte, e Honda marcou o gol da vitória.



Se por algum momento a Itália pensou que o uísque paraguaio dava dor de cabeça, acabou descobrindo que a seleção paraguaia poderia causar muito mais dores de cabeça que qualquer outro produto made in Paraguai. Já a partida entre Eslováquia e Nova Zelândia pode ter sido percebida como um jogo estratégico, visto que ambas as equipes tentaram de tudo para chegar ao gol adversário sem sucesso, mas foi somente quando resolveram usar a cabeça que os gols saíram para cada time.



No jogo entre Brasil e Coréia do Norte os dirigentes coreanos tinham uma fisionomia desconfiada, tanto que toda vez que os jogadores brasileiros se infiltravam no meio de seu time eles pareciam que a qualquer momento poderiam entrar em campo para prendê-los como espiões. A disputa teve alguns desperdícios, como por exemplo, desperdício de gols por parte da seleção brasileira que tinha potencial para ter feito a rede tremer por dentro pelo menos umas três vezes, e o desperdício de uso de boa parte da extensão do campo, já que a maior parte do jogo aconteceu no campo da Coréia, sendo praticamente desnecessária a parte do campo brasileira, algo que se acontecesse em nosso País poderia até ocasionar o risco de uma tentativa de invasão de colonos sem terra, abdicando aquele espaço como área improdutiva.



Uma vez dada à partida na partida, já com a bola rolando, o medo maior seriam as bombas coreanas, mas como a zaga brasileira contava com uma habilidade excepcional para desarmar jogadas, o ataque da Coréia acabou sendo “praticamente” inutilizado (Para vocês verem como é a vida, mal eu terminei de escrever esta frase e os jogadores coreanos me fazem um gol, provando que não dá mesmo para elogiar ou desdenhar time algum antes do final de uma peleja, e me obrigando a inserir o termo “praticamente” neste parágrafo). Buenas, mas voltando a narrativa textual do jogo, podemos dizer que a Coréia do Norte jogou fechada, muito bem fechada, tanto que somente no segundo tempo o Brasil conseguiu desentupir o gol no campo adversário. Foi realmente um jogo bastante chorado (o jogador coreano Jong Tae Se que o diga, pois foi o primeiro a chorar).



Para finalizar mais este texto, deixo a seguir a sugestão recebida de uma jovem leitora chamada Milena, onde ela argumenta que independentemente se as pessoas gostam ou não de futebol, o ato de torcer por nossa seleção não deixa de ser uma boa opção, pois quanto mais o time conseguir avançar na disputa, mais folga os trabalhadores de um modo geral poderão ter para “assistir aos jogos”, ou seja, o lance é torcer muito para o Brasil ganhar e a moleza continuar. Complemento a ideia dela dizendo que esta merecida descontração nos trás qualidade de vida, e isso é algo que não tem preço.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Lances iniciais da Copa de dois mil e dez (ligado)

Autor: Antonio Brás Constante






Novamente a novidade é que é de novo tempo de copa do mundo, ou seja, uma boa hora para se fazer bolões, chutando resultados na esperança de que eles imitem os chutes dos jogadores. Diferentemente da copa do mundo de quatro anos atrás (narrada por mim através de vários textos intitulados como: “COPA DE DOIS MIL ERREI”, alguém leu?), desta vez não pude assistir a todos os jogos que se desenrolaram e se enrolaram nos gramados até o momento, mas alguns lances sempre sobram durante as faltas para se comentar.





A copa iniciou com o jogo entre África do Sul e México. A África do Sul mostrou que corre muito, infelizmente correu a maior parte do tempo sem a bola, já que a bola estava quase sempre com o México, e os jogadores Mexicanos parece que quiseram dar uma de Quico (do seriado Chaves) e por isso não dividiam a jabulani com o outro time, mesmo sabendo que se tratava do dono da casa. Apesar de tudo isso a partida acabou empatada em 1x1.







Os Estados Unidos não ganharam o jogo, mas saíram de barriga cheia ao serem presenteados com um belo e suculento frango da Inglaterra. Se o jogo fosse uma festa de confraternização entre parentes comemorada em uma Galeteria, Green (o goleiro da Inglaterra e futuro dono de granja) seria aquele que acabaria pagando a conta do galináceo com seu Green Card, para tristeza de seus compatriotas.






Os jogadores da Sérvia, entre eles: Ivanovic, Lukovic, Kuzmanovic, Apendicite e Conjuntivite (estes dois últimos não jogaram por estarem doentes), bem que tentaram vencer, mas seu jogo não serviu para lhes garantir a vitória, mesmo contando com boas defesas de seu goleiro Stojkovic devidamente disfarçado de Antonio Banderas (ou ao menos com um penteado lembrando vagamente aquele ator). Para total infortúnio da equipe Sérvia um de seus jogadores trocou os pés pelas mãos, colocando tudo a perder. Na hora do pênalti, o jogador de Gana enganou o goleiro adversário e marcou para sua seleção. Resultado: Vitória de Gana.






A Argentina chegou parecendo que iria dar um show, mas deixou isso para depois. Já a Alemanha estreou arrasando em campo, e aproveitando que tinham o jogador Cacau na equipe, deram um verdadeiro chocolate no time da Austrália.







França e Uruguai resolveram fazer um amistoso e por educação cada seleção quis que o time rival tivesse a honra de marcar o primeiro gol. O excesso de cortesia acabou deixando o jogo no zero a zero, fazendo com que os dois times saíssem à francesa nesta sua estréia.







O time do Brasil pega (ou já pegou, dependendo do momento em que você estiver lendo este texto) a Coréia do Norte, e pelo bem do mundo terão a obrigação de vencer o jogo. Quer saber por quê? É só lembrar que o malévolo vilão, e déspota de carteirinha, Kim Jong-il está esperando somente um mero pretexto para detonar seu arsenal nuclear do mal, e vencer uma partida contra o Brasil seria a desculpa perfeita. Ganhando a partida, o ditador poderá argumentar que se empolgou tanto com a vitória que resolveu estourar seus melhores e maiores fogos nas comemorações, em grande e mortal estilo. Porém, mesmo que não seja pelo bem maior do mundo civilizado, mas simplesmente porque todos nós temos um pouquinho de Brasil em nossos corações (ou qualquer outra parte de nossos corpos), é sempre bom ficar atento com a Coréia, pois mesmo sendo uma seleção aparentemente mais fraca, ela ainda faz parte da linha dura da ditadura, que por ser dureza não dá mole pra ninguém.







Enquanto isso no Brasil, o senado resolveu entrar no clima da Copa do Mundo aumentando o valor de sua bolada mensal em 46% (isso mesmo que você acabou de ler, o aumento será de QUARENTA E SEIS POR CENTO). Esta bolada também conhecida como plano de cargos e salários, se aprovada (alguém tem dúvidas?), passará de R$ 40,5 milhões para R$ 59,01 milhões por mês. Conforme informações que circulam na mídia, é provável que este projeto entre em votação ainda esta semana, enquanto os olhares dos brasileiros estiverem distraídos e sonhadores com a copa da África.






Aguardem, nos próximos textos sobre “A COPA DO MUNDO DE DOIS MIL E DEZ (LIGADO)”, mais detalhes sobre jogos e jogatinas, através de uma ótica que levaria a loucura qualquer oftalmologista que ainda não seja louco.






quarta-feira, 2 de junho de 2010

Martirizados no mercado II

Todo mês é a mesma coisa, ir ao mercado fazer compras. Mais que uma obrigação ou necessidade, trata-se de uma penitência que muitos passam para abastecer seus lares. Na prática a pessoa que vai as compras entra com o bolso cheio de dinheiro e o carrinho vazio, para sair com o bolso vazio e o carrinho, digamos, se não totalmente cheio, ao menos não tão vazio como na entrada.

O mercado é um local onde acabamos revendo velhos conhecidos, talvez porque a grande maioria receba seus salários na mesma época do mês. Você entra e já vai logo dando de cara com algum rosto que há muito tempo não via. Geralmente são pessoas que apesar de conhecidas, não dispõe de vínculos muito fortes com você. Ou seja, ótimas para se ver uma vez lá que outra e dar um aceno ou um aperto de mão, mas não para se esbarrar a todo o momento, em um local onde o foco são as compras e não necessariamente reencontros casuais.

No primeiro contato, ambos ficam meio sem jeito, sorriem e trocam cumprimentos do tipo: “você por aqui fulano!” Ou “há quanto tempo hein?”. Cada um tenta seguir para um lado, mas se dão conta que estão indo pelo mesmo caminho. Trocam novos sorrisos amarelos, até que um dos dois resolve parar sob qualquer pretexto para deixar que o outro siga em frente.

O que acaba acontecendo, é que os dois passam o tempo inteiro se encontrando entre os corredores do mercado. Nas primeiras vezes, um passa pelo outro e diz alguma coisinha ou faz alguma careta do tipo: “lugar pequeno este!”. Por fim começam a disfarçar ao perceberem a aproximação do outro, procurando preços ou lendo algum rótulo, para não ter que olhá-lo novamente, pois não querem parecer indelicados.

Alguns tentam pular corredores, mas não adianta, pois o outro tem a mesma idéia e voltam a se encontrar novamente. A melhor forma de se resolver este impasse é passar a andar ao lado de seu conhecido e tentar iniciar um diálogo com ele. Porque a partir daí parece que todo mercado conspira para que vocês não consigam mais ficarem juntos.

Quem acha que fazer compras é fácil, esquece do stress que se passa nessas horas. Em cada corredor as pessoas têm que: cuidar de seus filhos para que não quebrem nada (nem se quebrem), olhar os preços, procurar o produto desejado, cuidar para não bater no carrinho da frente e verificar os itens da sua lista, calculando o quanto pode gastar.

Daí você entra em um novo corredor, olha novamente os preços, cuidando do carrinho da frente, procura o novo produto desejado, acerta sua lista, recalcula o valor disponível e sente que está se esquecendo de algo, mas o que será? Olha em volta e percebe que seu filho sumiu. Sente um frio na barriga quando lembra que a pouco viu ele junto a você no último corredor que passou. Ao relembrar disso, seu corpo todo estremece. Uma sensação terrível de desespero envolve você, pois se dá conta que o corredor que acabou de passar era justamente aquele onde ficavam as bebidas importadas, e pelo que você se recorda, os vinhos de cento e poucos dólares ficavam bem ao alcance das mãozinhas desajeitadas e curiosas de seu “anjinho”. Volta correndo pelo corredor a tempo de salvar as garrafas e seu bolso, passando a levar seu filho dentro do carrinho por medida de segurança.

Por fim deixo alguns conselhos: Evite ir ao mercado de estômago vazio. Pesquisas mostram que pessoas com fome compram uma porcentagem a mais em gêneros alimentícios. Outro conselho: se você for comer, não faça o lanche nas praças de alimentação dos mercados, pois certamente a tal porcentagem que você economizaria, acabará sendo gasta no seu “lanchinho”, e é bem provável ainda que você acabe se esbarrando novamente com aquele seu conhecido por lá.